"Primeiramente me perdoem se eu estiver sendo imparcial, mas resolvi escrever esse texto no calor da emoção da conquista de um título da Copa do Brasil. Como sempre na história do Vasco o que não faltou a esta conquista foi emoção!
O começo não foi nada fácil. O pior início de ano da história do clube gerou muita desconfiança e preocupação sobre o elenco vascaíno. O time não conseguiu sequer a classificação para a semifinal da Taça Guanabara. PC Gusmão com seu jeito efusivo e histérico de comandar o time foi perseguido pela torcida por causa dos péssimos resultados e acabou tendo sua batata assada.
Disto começou uma minuciosa busca de um técnico com as características desejadas pela diretoria. Abel Braga e Paulo Autuori foram procurados, sem sucesso. Eis então que a diretoria vascaína, em minha opinião por falta de opções no mercado, fez sua aposta em Ricardo Gomes, que chegou ao Vasco com o apoio da diretoria, porém não agradando de cara os torcedores.Mas logo ele mostrou a que veio no Vasco. Deu uma nova cara ao time. Arrumou a equipe taticamente, trabalhando seus pontos fracos e, principalmente com seu jeito sereno de comandar, conquistou os jogadores. Bons resultados fizeram o treinador conquistar o apoio da massa vascaína.
Outro ponto que devo ressaltar na reerguida do Vasco foram as contratações pontuais feitas pelo excelente diretor Rodrigo Caetano, que se tornou “ídolo” da torcida vascaína. Trouxe para a Colina Anderson Martins que logo se adaptou a jogar ao lado do mito Dedé; promoveu o retorno do maestro Felipe, que vem demonstrando um excelente futebol ( o que pra mim não é surpresa); trouxe Diego Souza, grande jogador que não demonstrou no Atlético-MG o mesmo futebol demonstrado no Palmeiras em 2009, porém chegou com vontade ao Vasco e vem crescendo seu futebol cada dia mais; apostou no jovem Bernardo, emprestado pelo Cruzeiro, e que se tornou o artilheiro vascaíno na temporada; e contratou ainda Alecsandro, que não é o 9 sonhado pela torcida vascaína, mas que possui e estrela e fez gols importantes. Ainda nessa reerguida vascaína tenho que citar o capitão Fernando Prass com suas defesas heróicas, a afirmação do jovem volante Rômulo como titular absoluto de Ricardo Gomes e, principalmente, o futebol extraordinário demonstrado pelo “Chico Bento” vascaíno Éder Luis.
Após o fracasso no Campeonato Carioca o time do Vasco focou-se na Copa do Brasil. E o empenho deu resultado. Chegamos a finalíssima contra o Coritiba, time que se reergueu de uma queda a Série B, como o Vasco, e vinha de uma quebra de recorde de vitórias consecutivas. Logo não faltavam ingredientes a esta decisão. No primeiro jogo, o qual pude conferir in loco, o Vasco fez seu trabalho de casa. Ganhou pelo placar mínimo, mas que todos já previam ser essencial para o jogo de volta no Alto da Glória em Coritiba. Profecia que se concretizou. Após derrota por 3 a 2 o Vasco se sagrou Campeão da Copa do Brasil no critério de desempate do número de gols marcados fora de casa. Alegria total!
Marcelo Oliveira surpreendeu a todos armando seu time com 3 volantes, formação de certa forma incomum para um time que necessita de uma vitória por dois gols de diferença. E viu não dar certa sua escolha. Aos 11 minutos do primeiro tempo, após bela trama do time vascaíno, Éder Luis, diga-se de passagem, o melhor em campo, deixou o matador Alecsandro na cara do gol para abrir o placar. Marcelo Oliveira, percebendo a besteira que fez na escalação inicial, mexeu em seu time aos 26 minutos. Tirou Marcos Paulo e lançou mais um atacante em campo, Leonardo. Não demorou nada para surtir efeito a mudança. Apenas dois minutos depois da mexida o time do Coritiba chega ao empate com Bill. Este gol reascendeu a torcida no Couto Pereira. Quando o primeiro tempo se encaminhava para o fim com um bom resultado para o time do Vasco da Gama, pois o Coritiba ainda necessitava de dois gols para ser campeão, Davi, em falha da defesa vascaína, marcou o segundo do Coxa, explodindo o estádio.
Na volta para o segundo tempo o nervosismo tomou conta dos dois times. Quase não houve futebol. O time do Coritiba até estava melhor, mas na noite fria de Coritiba brilhou a estrela de Éder Luis. Aos 12 minutos, Éder deu um chute de fora da área e Edson Bastos, em uma falha bisonha, deixou passar. Festa da torcida vascaína em todo país, pois o Coritiba voltava a necessitar de dois gols para erguer o caneco. Com isso Marcelo Oliveira promoveu duas modificações em seu time: botou Eltinho no lugar de Lucas Mendes e Marcos Aurélio no lugar de Léo Gago. Isso deu um gás ao Coxa. Aos 21 minutos, Willian acertou um belo chute de fora da área encobrindo Fernando Prass. Esperanças renovadas e coração na mão por parte das torcidas. A partir dos 30 virou um jogo de ataque contra defesa. Ricardo Gomes, numa tentativa de reforçar a marcação, fez duas mexidas de uma vez só: saíram Felipe e Diego Souza para a entrada de Jumar e Bernardo. A partir daí meu amigo não se tinha mais técnica, era coração na ponta das chuteiras e sangue nos olhos. Mas no final quem explodiu de alegria foi a imensa torcida vascaína de norte a sul deste país. Jogaço de bola para entrar pra história!
Agora umas palavras de torcedor. Hoje fazia 3000 dias, sem contar a Série B, que o Vasco não gritava “É campeão!”. Agora são apenas algumas horas. Esse título não é importante apenas pela quebra do jejum. Tem muito mais envolvido. Dinamite que prometeu reerguer o Vasco e conquistar um título de relevância nacional durante o seu mandato cumpriu sua promessa. E tenho certeza que será reeleito, para alegria do torcida e tristeza de “Euriqueço” Miranda. As palavras ditas pelo presidente e ídolo maior do clube ao final do jogo devem ser transcritas aqui: “Dá pra ser campeão sendo honesto!”. A vaga para a Libertadores de 2012 põe o Vasco mais uma vez no cenário continental do futebol. Isto trará investimentos e benefícios financeiros enormes ao clube. A torcida vascaína que há tempos não crescia a partir de hoje voltará a se multiplicar. Este título veio, mais do que tudo, em um momento primordial para o Vasco.
Minhas últimas palavras são alguns avisos: Tenho ORGULHO de ser vascaíno e de carregar a Cruz de Malta em meu peito desde que eu nasci e aos que secaram só tenho a dizer: o choro é livre. Obrigado Thiago por abrir este espaço para que eu pudesse compartilhar com seus leitores minha imensa felicidade pela conquista deste título!"
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